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Ensaios-->Um dia no mundo moderno -- 10/02/2002 - 18:37 (Mel Bianco) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

De repente viu sua imagem refletida em um espelho gigante. Era a porta de um “arranha-céu” – adorava essa definição antiga de prédio. Viu seus cabelos curtos, de um vermelho bastante artificial, contrastando com a blusa verde limão que usava. Gostava do choque causado pela mistura das cores. Baixou mais os olhos e deparou-se com um par de sandálias brancas, com saltos de cortiça, que semi-cobriam suas meias cor de rosa. Adorava a calça jeans índigo que compunha sua imagem. Pôde perceber, também pelo reflexo do espelho, que pessoas apressadas corriam de um lado para o outro. Uns à pé, outros em carros, alguns iam falando ao telefone. Cada um a seu jeito. Todos iam.
O movimento!
O barulho provocado por eles era insuportável e constante. O tempo todo, todo dia, 24 horas, 7 dias por semana. Nesse instante lhe veio a pergunta:
Como é que vim parar aqui?

Não suportava mais esse papo pré-moderno de que a problemática da pós-modernidade está no caos estabelecido pela anti-ética da estética aliado a irracionalidade da razão. Há, há, há... A humanidade é deliciosamente engraçada.
Tentou ir de volta ao passado para achar o momento exato. Talvez a expansão marinha... não, a guerra fria?... Adão e Eva?... a maçã talvez. É, a culpa é definitivamente da maçã... Mas de que adianta achar o ponto exato? O que está feito, está feito. Eu existo. E isso é fato... Ou não!
Levantou-se do banquinho da praça e caminhou em direção a vida. Queria sentir-lhe o gosto, o cheiro, comer as cores ainda quentes dessa substância estranha que a envolvia. Precisava urgentemente dançar. Foi andando até o anoitecer.

computador, fome, ssssonsss, gente, bicho, digital, toquinho e vinícius de moraes...

As palavras iam saindo de sua mente, flutuando, coloridas diante de seus olhos. Nada faz sentido. As pessoas-telefones nas ruas a olhavam curiosas. Ela ria: eles são elegantemente patéticos. Pessoas-máquinas vivendo em função de relógios (roléx), agendas (eletrônicas) e calendários. Escravos de tudo que criaram. Substituíveis por fios, molas, botões e visores digitais.
Sua cabecinha girava feito um carrossel. Seus pés continuavam a caminhar por entre asfalto e gente(?).
Desde a pergunta, comia o mundo com as mãos, nada era igual. Seus sentidos foram alterados, em todos os sentidos.
Entre um pensamento e outro percebeu que sentia fome. Que bom que certas coisas são eternas. Guiada por seu instinto de sobrevivência procurou um Mc Donald’s. Achou-o em um shopping. As portas se abriram sozinhas e... Sorria, você está sendo filmado! Deu um singelo sorriso para a câmera.
As máquinas as quais servimos nos vigiam dia e noite... noite e dia...
Por seus olhos, as coisas, impessoais como só elas sabem ser, entravam. Ah! Uma máquina de cuspir latinhas. Sucos... 100% natural. E sem o chato do vendedor. É o máximo das relações humanas. A latinha de suco do seu sabor preferido sem emitir um único som. Perfeito para os dias de mal humor. Ia a procura do Mc Donald’s, ia vendo as pessoas em busca de (in)utilidades modernas. As vezes eles pareciam uma coisa só. Pareciam estar no Éden, adão e eva comendo o fruto permitido.

A pergunta ainda perguntava. Como é mesmo que cheguei aqui?

Aqui fora já é noite. Um outro mundo começa a surgir. O globo girando faz sua cabeça parar. As luzes acendem e se apagam no tempo e no ritmo da música. Cores. Aqui, as máquinas servem mesmo para me dar prazer. Dançou como se fosse a primeira vez. Dançou como dançavam os índios em seus ritos de celebração. Celebrava a vida em todo seu in-significado. As pessoas coloridas, tinham cheiro de felicidade. Cada um em seu ritmo, todos juntos perdiam coletivamente os sentidos. Se reconhecia, enfim, nas luzes da boate.
Amanheceu... A caminho de casa descobriu que as coisas sempre serão as mesmas, só ganham roupas novas. O sol sempre nasce do mesmo lado do mundo, enquanto a lua se deita do lado oposto. E isso nunca vai mudar...
pelo menos por enquanto!


Mel B.
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